Crônicas
FOLCLORE
E o pescador ouviu:
O cantar da sereia do mar,
Mas, no mar ele não estava,
A Sereia era a Iara a cantar.
Seu cantar falou da mata,
Do amor, do sol estelar,
Cantava serena nas águas,
Aos peixinhos para se acomodar,
Ao soninho dolente e gostoso,
Tão calmo quanto à brisa do mar,
Porém, está longe o canto,
Dos golfinhos a beira mar.
O saci com seu gorrinho,
Bem vermelho se põe a escutar:
A mãe d’água, linda sereia,
Com seu canto a embalar,
O sono da criança, tão gentil a ressonar,
E, talvez a paixão do boto, cor-de-rosa a encantar,
Doce moça vê o moço, bem formoso a adentrar,
Seu coração bate-forte, como fogo a queimar.
Mula sem cabeça ou talvez um Boi Bumbá,
É o folclore doce da gente,
Que nos vem revisitar.
A criança e o velho, no sertão a conversar,
Sobre os mitos e as lendas,
Muita história pra se contar.
Não deixe o medo vir,
O boi da cara preta pode te pegar.
Que sente o medo forte, muito forte sim de careta.
Vai dormir, vai garoto,
Nos seus sonhos vai se lembrar,
Não se esqueça do pai-nosso,
Prá assombração não te acordar.
E, você que está perto,
Bem pertinho da borda do mar,
Olhe fundo bem profundo,
Veja lá a Iemanjá,
Com as espumas bem serenas,
Suas ostras a enfeitar,
São as perolas dessa gente,
Do Brasil, com seu folclore,
A cultura toda estudar.
São sentimentos puros,
De um povo, de uma nação,
De índio, do negro e do branco,
Tantas cores nesse brasão.
Toca, toca o baião, a sanfona e o acordeão,
O flautim ou a gaita de fole,
O pandeiro e o violão.
Outros mais vão surgindo,
Com histórias de montão,
Vão embalar a doce lembrança,
Do vaqueiro e do bicho papão.
Medo, tenho medo, não!